Concurso “Casa da Sustentabilidade”
A nossa proposta de “Casa da Sustentabilidade” fica dentro de um parque muito importante para o município de Campinas, o Parque Portugal, no Bairro de Taquaral, que está integrada a cidade, onde os usuários e os turistas poderão ter uma maior interatividade e integração com a nova edificação e o seu entorno paisagístico, projetados dentro de um conceito de sustentabilidade.
Concebemos uma arquitetura relativamente simples, sem que a sua volumetria se destaque muito do entorno verde existente, de modo a garantir o protagonismo da natureza. Com seu programa de necessidades distribuído em 4 pavilhões principais separados, as exposições, as reuniões, os serviços e a administração, mas interligados por coberturas/passarelas, permitiu uma permeabilidade visual, conferindo a leveza volumétrica desejada, e de circulação ao nível do solo, garantindo a dinâmica de fluxo de públicos que vêm de vários pontos do parque.
Campinas/SP
Ano: 2016
Arquitetura: Antonio Kanda, Daniela Namasu e Juliana Yendo
Adotou-se um partido arquitetônico predominantemente horizontal, com elevação da edificação em aproximadamente 0,50m do ponto mais alto do terreno, em caimento, com a finalidade de assegurar maior permeabilidade do solo, não alteração da topografia existente, circulação de ar e evitar umidade do solo. O acesso à edificação é feita por meio de rampas de acessibilidade.
Os conteúdos programáticos da Casa foram distribuídos em dois pavimentos, com pés-direitos de 3,50m. No pavimento térreo, estão as salas de reuniões, que são interligadas por coberturas/passarelas a recepção, que fica no mesmo bloco de exposições, sendo que estas estão posicionadas de forma estratégica para que elas sejam ponto focal de quem se aproxima do parque; serviços com sanitários, vestiários, copa/cozinha de apoio, bicicletários e cafeteria.
No pavimento superior, a administração, posicionada para ser restrita, e o telhado verde/ jardim como mirante aberto ao público, com algumas vegetações e caminhos de pisos permeáveis onde os visitantes poderão caminhar e sentar num banco de praça para apreciarem toda beleza paisagística vista do alto.
Paisagismo e o entorno
O projeto paisagístico propõe uma integração programática e visual tanto com a Casa da Sustentabilidade como com o parque em que se insere. Foi utilizada toda a área de intervenção e uma pequena parcela da área envoltória, que se justifica pela necessidade de criar um acesso pelo lado leste da Casa. A proposta do paisagismo cria um diálogo interessante entre o público, a Casa e o parque: por meio da inserção de equipamentos e espaços significativos para os usuários do parque, a área aproxima o público da Casa, de modo a convidá-lo a utilizar e frequentar o edifício.
O desenho da implantação acompanha o traçado de uma segunda malha, rotacionada 45° em relação à malha da Casa. A criação dessa nova malha para o paisagismo fundamenta-se no fato de seguir o caimento do terreno e a direção de suas curvas de níveis, além de propor um contraponto interessante com a implantação da edificação.
Com o intuito de atrair todos os tipos de público para a área, foram inseridos equipamentos e espaços para potencializar a área envoltória da Casa e qualificar o contexto em que se encontra. Foi proposta uma área de piquenique com pomar, uma área de playground, uma grande praça elevada, além da qualificação do bosque já existente e da inserção de um sistema de wetlands.
Implantação e acessos
Implantou-se a edificação seguindo o traçado de uma malha estrutural modulada de 5,00 x 5,00m, que está posicionada no eixo de orientação Norte-Sul para atender melhor a insolação solar e a ventilação na distribuição de ambientes.
A implantação permitiu ainda a separação distinta de acessos de pedestres e de serviços à edificação de forma harmônica e não provocar conflitos de circulação. Os acessos do publico são feitas basicamente pelas pessoas que vêm da entrada do Portão 5 do Parque, pela área de patinação e pequena estação de bonde e pelo lado noroeste da Casa. O acesso de serviço é feito somente por uma rua estreita, que fica ao norte do terreno, e ela é usada apenas por funcionários ou agentes ligados ao parque.
Sistema construtivo
O sistema construtivo adotado foi a estrutura metálica aparente em aço corten, por sua rapidez na execução, limpeza na obra, leveza e beleza estrutural. Na organização dos espaços, foi traçado uma grelha estrutural metálica modulada de 5,00 x 5,00m, que permite flexibilidade dos espaços internos e possibilidades para futuras ampliações. Foram utilizadas vigas de 0,60m para poder vencer vãos de 10,00m em razão de ambientes como: exposições, reuniões e administração. As vedações externas são em placas cimentícias e lajes pré-fabricadas, pelas possibilidades de controle técnico, rapidez e geração de menos desperdícios. Internamente, são utilizadas paredes de gesso acartonado (Dry Wall).
Eficiência energética
Para ter uma eficiência energética, a Casa dispõe de amplas aberturas com fechamento de vidro de alto desempenho, que propicia boa iluminação natural com baixa transmissão de calor ao ambiente interno, diminuindo o consumo de energia; uso de bandeiras acima de portas e janelas, que permitem a saída de ar quente dentro dos ambientes e a ventilação cruzada; brises de bambus, por ser material abundante na natureza , sustentável e ter boa resistência; jardim vertical e telhados verdes para diminuição de calor interno; e além de pergolados de madeira certificada.
A Casa dispõe de painéis solares fotovoltaicos voltados para o norte para aproveitamento máximo da incidência solar, sobre o bloco da administração para geração de energia, cujos excedentes poderão ser “vendidos” à concessionária.
Gestão de água
A Casa dispõe de sistema de coleta, tratamento e armazenagem em cisternas subterrâneas de águas pluviais captadas através das coberturas e dos telhados verdes para serem reutilizadas como águas não potáveis na irrigação de jardins, limpezas, descarga, refrigeração etc. E também de uso de dispositivos economizadores de água em sanitários tais como: bacias sanitárias de caixas acopladas, válvulas especiais com fluxo opcional por descarga, torneiras com sensores e outros, para minimizar ainda mais o consumo de água potável.
Gestão de resíduos
Estão previstos tratamento adequado de esgoto no local; sistema independente de reuso de águas cinza (servida sem material fecal e urinário) com tratamento e reservatório para uso de fins não potáveis; e sistema de coleta de materiais recicláveis para posterior retirada. Os resíduos orgânicos de eventos da Casa, cafeteria e copa/cozinha serão encaminhados para sala de compostagem e o produto resultante, o adubo, será utilizado nas hortas comunitárias que estão dispostas no espaço aberto entre espaço de exposição e o Café.